Mentalidade de Multidão

Segue alguns trechos retirados do livro "Como se Transformar em um Operador e Investidor de Sucesso" de Alexander Elder. Considero este um dos mais importantes tópicos do livro, onde aprendo a cada leitura e reviso a cada oportunidade.
Ele descreve como pensamos na multidão e como é importante ter uma estratégia definida "antes" da compra, tanto para o caso da ação subir quanto para o caso de queda, pois uma vez dentro do mercado a emoção entre em campo e fica muito mais difícil tomar decisões acertadas.

O mercado é uma multidão unida por laços frouxos, cujos membros apostam que os preços subirão ou cairão. Uma vez que cada preço representa o consenso da multidão no momento da transação, todos os investidores estão, com efeito, apostando no animo da multidão no futuro. Essa multidão oscila o tempo todo entre otimismo, indiferença e pessimismo. Ou entre esperança e desespero. A maioria das pessoas não segue os próprios planos de negociação, pois deixa que a multidão influencie seus sentimentos, pensamento e ações.

Em 1897, Gustave LeBon, filosofo e político francês, escreveu The Crowd, um dos melhores livros de psicologia de massa. LeBon escreveu que, quando as pessoas se aglomeram numa multidão, "não importam os indivíduos que a componham, nem quão semelhantes ou diferentes sejam os estilos de vida, ocupações, personalidade e inteligência, o fato de terem se transformado em multidão, confere-lhes uma espécie de mente coletiva, que os faz sentir, pensar e agir de maneira muito diversa de seu modo de sentir, pensar e agir como indivíduos, ou seja, caso tivessem continuado isolados".

As pessoas mudam quando se juntam à multidão. Tornam-se mais crédulas e impulsivas, buscam ansiosamente um líder e reagem de maneira emocional, em vez de usarem o intelecto. O individuo que se envolve com um grupo torna-se menos capaz de pensar por conta própria.

Você talvez tenha decidido racionalmente assumir posições compradas ou vendidas, mas no momento em que efetua uma operação, a multidão começa a sugá-lo. Você precisa prestar a atenção a vários sinais que indicam quando você deixa de ser um investidor inteligente, para transformar-se em membro esbaforido da multidão.

Você começa a perder sua independência quando observa os preços como um gavião e sente-se exultante quando estão a seu favor ou deprimido quando lhe são contrários. Você está com problemas quando passa a confiar nos gurus mais do quem em sua própria capacidade e impulsivamente reforça as posições perdedoras ou reverte. Você perde a sua independência quando não segue seu próprio plano de investimentos. Ao perceber o que está acontecendo, tente recuperar o bom senso, se não conseguir reassumir a compostura, saia do mercado.

Você precisa basear seus investimentos num plano cuidadoso de operações do mercado, em vez de pular em resposta a cada mudança de tendência dos preços. Você deve saber exatamente sob que condições entrar ou sair de determinada posição. No tome decisões sob a pressão do momento, quando está vulnerável a ser sugado para dentro da multidão. Os investidores fracassam quando operam num mercado sem um plano ou quando se desviam do plano original.

A natureza humana o predispõe a abrir mão de sua independência em situação de estresse. Ao iniciar uma operação, você sente o desejo de imitar os outros em vez de observar com atenção os sinais do mercado. Essa é a razão por que é preciso desenvolver e seguir sistemas de negociação e adotar regras de gestão do dinheiro. Esses parâmetros representam suas decisões individuais racionais. Eles foram definidos antes de você entrar no mercado e perder-se na multidão.

Para fechar o raciocínio um texto do livro "Os Axiomas de Zurique" de Max Gunther.

A pressão da maioria não só é capaz de demolir um bom palpite; nos faz duvidar até mesmo quando sabemos que temos razão. O departamento de psicologia da Universidade de Princeton costumava demonstrar isto.
A experiência era maldosa, mas extraordinariamente eficaz. Oito ou dez pessoas sentavam-se à volta de uma mesa. Ao centro, meia dúzia de lápis de cores variadas. Todos do mesmo comprimento, exceto um - o vermelho, digamos -, que era obviamente mais curto que os demais.
À volta da mesa, pedia-se que as pessoas opinassem sobre o comprimento do lápis. A maioria - todo mundo menos uma pessoa espantadíssima - expressava opiniões claramente erradas, que iam contra o que os olhos viam. Diziam que os lápis eram todos do mesmo tamanho.
A maioria havia sido ensaiada, e sabia o que estava acontecendo. Todas as pessoas ali estavam por dentro, menos uma. A idéia era ver como essa pessoa reagiria.Em cerca de um terço dos casos, a vítima entrava em colapso moral e acompanhava a maioria. Apesar da evidência diante dos seus olhos, a pessoa relutava, chiava, suspirava, se contorcia e acabava concordando, é, está legal, acho que têm razão, os lápis são todos do mesmo tamanho.

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