Fundos com Taxa de Administração Acima de 1% Perdem para a Poupança



SÃO PAULO - Os cortes promovidos na Selic têm diminuído cada vez mais a diferença de rentabilidade entre poupança e fundos de renda fixa. Depois da última redução realizada pelo Copom (Comitê de Política Monetária), de 11,25% ao ano para 10,25% ao ano, apenas os fundos com taxa de administração abaixo de 1% se tornaram mais atrativos que as cadernetas.

Os dados são de estudo realizado pelo professor e economista José Dutra Sobrinho. O cálculo levou em consideração as taxas de rendimento ao mês com média de 21 dias úteis. No caso dos fundos de investimento, foi considerada uma alíquota do Imposto de Renda na ordem de 20%.

Com a Selic a 10,25% ao ano, a rentabilidade da poupança fica a 0,5752%. Os fundos de renda fixa com taxa de administração de 0,5% rendem 0,6197%, enquanto aqueles com taxa de 1% rendem 0,5863%. Com taxa a 1,5%, o fundo perde para a poupança, já que fica a 0,5531%.

"Para taxas de administração superiores a 1%, já temos problemas para quem tem fundos", explicou o professor, que ainda disse que essa cobrança é calculada diariamente pelas administradoras dos fundos.

Acesso
O problema é que o investidor que tem acesso a taxas de administração de 1% ou 0,5% são aqueles que aplicam grandes quantias (R$ 100 mil ou R$ 200 mil), enquanto que os investidores com quantia baixa acabam sofrendo com as altas taxas.

Para se ter uma ideia, para a Selic ainda a 10,25% ao ano, o rendimento do fundo de renda fixa cai de 0,6197% para taxa de administração de 0,5% para 0,3892% para uma taxa de administração de 4%.

E a expectativa é de que esse cenário piore. Isso porque, para estimular a economia em tempos de crise, o que se espera é que o Copom continue a reduzir a Selic. A taxa a um patamar de 9,50% ao ano refletiria em uma poupança a 0,5564% ao mês. Então, somente os fundos com taxa de administração de até 0,5% compensariam. "Mas esses são somente para os clientes VIPs", afirmou Dutra.

A poupança rende 0,5% ao mês mais a TR (taxa referencial), sendo que esta última também varia com as oscilações da Selic.

Mudanças
É exatamente pelo fato de a poupança estar rendendo mais do que os fundos de renda fixa que o governo estuda realizar mudanças no cálculo das cadernetas.

A preocupação maior é que esses fundos de renda fixa estão atrelados a títulos públicos federais, então o que o governo está querendo é criar estímulos para que haja uma manutenção de investimentos em tais fundos.

Nesta segunda-feira (4), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que não há data para saírem as novas regras da poupança. Porém, ele explicou que os poupadores não precisam ficar preocupados com as modificações.

"Todos que estão na poupança continuarão tendo a mesma garantia, poderão colocar e retirar na hora que quiser e continuarão tendo rendimento. A poupança continuará sendo a aplicação mais garantida, mais sólida e vai continuar tendo um dos melhores rendimentos", afirmou, segundo a Agência Brasil.

Comportamento
Como para as próximas reuniões do Copom são esperados novos cortes na taxa básica de juro, o que colocará em xeque até mesmo a rentabilidade dos investimentos mais conservadores, inclusive a poupança, o investidor deve analisar melhor sua exposição ao risco, em busca de ganhos maiores.

De acordo com o gerente de Investimentos do Banco Real, Felipe Vaz, por causa das reduções que estão sendo feitas na Selic, já é possível analisar esse movimento de pessoas escolhendo aplicações com maior risco, como as multimercado e a renda variável.

Então, a dica que ele deixa para o poupador, neste momento, é tentar buscar mais rentabilidade, se tiver um prazo de mais de um ano. "A pessoa tem de rever sua carteira, dar uma olhada nos objetivos e analisar se tolera mais risco".
Fonte: Infomoney

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